quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cimeira UE-Índia

Jagdish Bhagwati, um reputado economista indiano e professor na Columbia University de Nova York, referia recentemente, a propósito da economia indiana, que esta se encontrava "... at a crossroads" e adiantava ainda que "... India is moving from the completion of conventional economic reforms, such as removing industrial licensing requirements, to what he calls second-generation reforms in areas like health care and education”.

É portanto neste contexto de profunda transformação económica e social que se vai realizar amanhã, em Nova Delhi, a "10th European Union Summit". Por ocasião desta iniciativa, o Eurostat, serviço de estatísticas da União Europeia, decidiu publicar uma excelente análise do relacionamento económico dos países da UE27 com a Índia, um dos países do designado grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

Deste trabalho, há a reter um conjunto de dados bastante interessantes:

1. Entre 2000 e 2008, o comércio externo da UE27 com a Índia mais que duplicou em valor: as exportações da UE27 passaram de 13,7 mil milhões de euros para 31,6 mil milhões de euros, enquanto as importações aumentaram de 12,8 mil milhões de euros para 29,5 mil milhões de euros.

2. No primeiro semestre de 2009, e em relação ao período homólogo do ano anterior, as exportações da UE27 para a Índia baixaram de 15,7 mil milhões de euros para 12,7 mil milhões de euros, o mesmo se tendo verificado com as importações que diminuiram de 14,9 mil milhões de euros para 12,9 mil milhões de euros. Isto significa que a balança comercial da UE27 com a Índia passou de excedentária em 0,8 mil milhões de euros, na primeira metade de 2008, para deficitária em 0,2 mil milhões de euros, no mesmo periodo de 2009.

3. Entre os países da UE27, a Alemanha é de longe o principal exportador para a Índia (26% do total das exportações da UE), seguida do Reino Unido (16%), Bélgica (16%), França (11%) e Itália (10%).

4. A posição de Portugal enquanto exportador para a Índia é muito modesta. As exportações nacionais para a Índia, em 2008, foram inferiores às vendas de alguns dos membros da mais recentes da União Europeia, como a Hungria, Rep. Checa, Polónia, Eslováquia, Eslovénia, Lituânia, Roménia e Bulgária.

5. Já quanto às exportações de serviços, em 2008, a UE27 vendeu serviços no valor de 9 mil milhões de euros, enquanto as importações de serviços indianos alcançaram 7,4 mil milhões de euros, existindo, por isso, um saldo favorável à UE27 de 1,5 mil milhões de euros.

6. Ao nível do investimento directo estrangeiro da UE27 na Índia este atingiu, em 2006, cerca de 2,5 mil milhões de euros, em 2007, foi de 5,4 mil milhões de euros e, em 2008, baixou para 0,8 mil milhões de euros. Já quanto ao investimento directo indiano na UE27 não teve grande expressão em 2006 (0,5 mil milhões de euros) e em 2007 (0,9 mil milhões de euros em 2007), mas, em 2008, atingiu um valor muito significativo (2,4 mil milhões de euros).

Em síntese, nesta grande economia emergente da Ásia, existe uma ampla margem para o reforço do relacionamento económico com os países da UE27. E, por sua vez, Portugal não pode perder as oportunidades de negócios, ao nível das exportações de mercadorias e de serviços e da captação de investimento estrangeiro, decorrentes deste período de transformação e expansão da economia indiana.